Créditos de Plástico: entenda o conceito e o seu impacto no ecossistema

O plástico é um dos componentes mais utilizados desde a Segunda Guerra Mundial. Isso porque com o crescimento da população, a evolução dos mercados e as novas ofertas de serviços, o consumo de elementos que envolvem o plástico também se manteve crescente. 

De fato, o setor está envolvido em diversas demandas globais efetivas, que vão desde colaborar para garantir o abastecimento de alimentos, promover estruturas de cidades habitáveis ​​e opções de mobilidade. No entanto, o outro lado da moeda é composto pelo desafio referente aos seus resíduos. 

Por isso, esforços globais como a Iniciativa 3R, pioneira no mercado de “créditos de plásticos”, propõe aumentar a circularidade do uso do material e reúne ONGs, especialistas e empresas para discutir práticas de compensação ambiental. Administrada pela Verra e pela BVRio, a alternativa facilita o cumprimento de leis ambientais e promove mecanismos para expandir a economia verde e de baixo carbono.

Então, o que seria um crédito de plástico?

Os créditos de plástico são uma ação de responsabilidade no mercado. Similar aos créditos de carbono, o conceito tem o objetivo de incentivar a redução dos impactos socioambientais e diminuir os resíduos plásticos em locais não apropriados.

Por exemplo, um crédito de plástico pode ser representado por uma quantidade específica de material coletado do meio ambiente e reciclado. Ou seja, o conceito refere-se às possibilidades para “reduzir a sua pegada”, prezando pela sustentabilidade e o descarte consciente.

Segundo a Plastic Collective, organização que ajuda negócios a se responsabilizarem e oferece a opção de compra de créditos, existem dois participantes principais na estrutura: as empresas e os projetos associados.

Funciona da seguinte maneira: um crédito de plástico representa 1 kg de plástico. Então, quando uma empresa adquire a mesma quantidade de créditos conforme a sua pegada, o dinheiro é destinado a um projeto que ficará responsável de fazer a compensação com mecanismos corretos de destinação final e alternativas de segunda mão para os elementos.

Desta forma, a empresa se caracteriza como neutra em plástico.

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Iniciativas de impacto positivo no Brasil

No Brasil também há outras iniciativas que podem recompensar o plástico, reduzir as emissões de carbono e conscientizar a população sobre a importância da logística reversa e consumo consciente. Uma delas é o Instituto Soul Ambiental, que desenvolve o programa Sementes do Plástico, estimulando a reciclagem em prol de causas sociais.

O projeto possui como foco utilizar os plásticos coletados e reciclados para se tornarem “créditos sociais”. Isso acontece através de instituições cadastradas, que passam por uma consultoria sobre como devem separar os seus resíduos, e redes de cooperativas, que em parceria com o instituto revertem os itens em financiamento de cadeiras de rodas, tratamento para animais em abrigos, materiais escolares e cestas básicas. 

Setor de plástico no Brasil

Segundo Paulo Teixeira, Diretor Superintendente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), o setor é composto por cerca de 12 mil indústrias no Brasil. Todo o município que geralmente tem mais de 30 mil habitantes conta com alguma empresa de plástico. Isso envolve tanto indústrias de objetos de consumo mais simples, como os de cadeia mais longa.

“É um setor que está presente em 99% das coisas do Brasil, ou seja, quase tudo tem plástico. As embalagens descartáveis são cerca de 30% do que se produz em plástico, o restante são os que estão na nossa rotina cotidiana, na parede com os canos PVC, as peças que vão em carros e aviões, hospitais, móveis e eletrônicos. A maioria são plásticos de vida longa”, afirma ele. 

Olhar sistêmico e consumo consciente como alternativa responsável 

Hoje o maior desafio não está em abolir o plástico, mas em como usá-lo de forma mais consciente e responsável. Por isso, pensar sobre a forma de consumo se tornou uma atitude importante na atualidade, e isso envolve desde o design dos produtos até a relação com as matérias-primas.

Para o diretor da Abiplast, é preciso exercer um olhar sistêmico sobre o assunto para implementar alternativas que resolvam a questão de uma maneira justa. “Quando falamos do que a gente precisa, também estamos associando a outra questão que é o consumo consciente, e isso é uma questão sistêmica.

Então, uma sociedade com um padrão de consumo do jeito que a gente tem, ainda precisa de plástico, por exemplo, para embalar uma proteína e transportar cerca de 750 mil km de distância, e isso é recorrente em lugares que não possuem comércio local”, comenta.

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Tendências para mudar esse cenário

1. Embalagens

Não é de hoje que ouvimos falar sobre como o futuro será composto por tecnologias sustentáveis e inovadoras. A tendência é que cada vez mais o mundo pense sobre como diminuir o consumo de descartáveis e opte por alternativas como os refis. O comportamento do consumidor está mudando e a indústria também precisa se reinventar para acompanhar o movimento. Com isso, novas estratégias de re-designer das embalagens prometem alavancar.

“Teremos novas formas de consumo e precisamos estar preparados para isso. Sabemos que haverá mais consumo de coisas sem embalagens ou com embalagens monocamadas, então teremos que trabalhar para redesenhar e fazer com que sejam cada vez mais recicláveis”, expõe Paulo.

2. Novos materiais

Outra questão em destaque são os novos materiais que estão em expansão para a produção de biodegradáveis e bioplásticos.

“Temos um potencial gigantesco de bioeconomia no Brasil, acredito que conseguimos porque contamos com muitos materiais para isso, podemos utilizar os resíduos que temos aqui como o bagaço da cana-de-açúcar, do coco e até do abacaxi”, acrescenta ele. 

3. Economia circular

Por fim, a implementação da economia circular em escala global é uma das mega apostas para alcançar a neutralidade climática e preservação dos recursos naturais.

“Não há como descartar, a economia circular é uma nova forma de fazer negócios e não é só com o plástico, ela está em tudo. É sobre como podemos compartilhar, reutilizar e fazer as coisas pensando num ciclo em que tudo volte para a economia. A circularidade virou negócio, ela deixou de ser um conceito para virar uma efetividade”, conclui.

Mas para que tudo isso aconteça, além do impulso nas estratégias de economia circular, é preciso estabelecer sistemas de gerenciamento de resíduos eficientes, diminuir o uso de recursos fósseis, bem como investir em fontes de energia renováveis. Assim teremos um mundo de economia responsável, inovadora e promissora. Vocês estão preparados para essa evolução?

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