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Entenda o que é transição energética e sua importância

O modo como se produz e consome energia está em constante evolução. Aliás, desde a revolução industrial isso vem passando por mudanças e é cada vez mais comum ouvir discussões sobre transição energética

Se antes a energia fóssil como o petróleo e carvão, costumavam ser a única fonte elétrica que mantinha o mundo em funcionando, hoje, isso progrediu. A limitação de recursos, as mudanças climáticas e a consciência sobre o impacto ecológico, tem impulsionado o desenvolvimento de energias renováveis

Segundo a Agência Internacional de Energia, a capacidade de energia renovável total do mundo deve aumentar 50% até 2024. Nesse sentido, a transição energética ganha destaque por ser considerada um elemento fundamental para uma economia de baixo carbono e desenvolvimento sustentável. Mas, o que isso significa?  

O que é transição energética?

A transição energética, também chamada de transição ecológica por alguns, é uma mudança estrutural que propõe uma transformação na maneira de produzir e consumir energia para um novo sistema. Um conceito que atua com o propósito de substituir a utilização de fontes finitas e prejudiciais ao meio ambiente, como os combustíveis fósseis, por fontes renováveis, como a eólica, solar, e a biogás

Entre seus objetivos está a redução de custos e consumo, diminuição da pegada de carbono e a melhoria da infraestrutura de energia para toda a população mundial. Essas mudanças são indispensáveis para atingir positivamente às necessidades humanas e diminuir problemas climáticos como o efeito estufa. 

Um sistema ideal com a transição energética engloba questões como: a produção de eletricidade mais descentralizada; eficiência energética e menos desperdício; maior segurança de abastecimento para os países e novas tecnologias. 

Por isso, o desenvolvimento tecnológico anda lado a lado com o movimento, buscando a implantação de modelos de negócios que tenham impacto positivo e disruptivo na cadeia energética global. Rumo a um futuro de geração distribuída mais limpa e renovável.

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Transição energética no Brasil

No Brasil, o cenário se apresenta promissor. Por ser um país tropical e abundante de fontes renováveis, o potencial de desenvolvimento da transição energética é muito maior que em outros continentes.

Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), a geração solar distribuída teve um crescimento médio de 231% ao ano no Brasil. Cerca de R$ 19,4 bilhões em investimentos, desde 2012.  

Segundo o Balanço Energético Nacional 2020, da  Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Brasil conta com uma das matrizes elétricas mais renováveis do mundo. A participação de renováveis no setor atingiu 83,0%, em 2019. No mesmo ano, a oferta de energia interna atingiu 294,0 Mtep, com um acréscimo de 1,4% em relação à 2018. O avanço na democratização da energia solar, biomassa e eólica contribuíram para que a matriz brasileira se mantivesse em crescimento.

Mais que energia, a transição energética engloba aspectos tecnológicos, sociais, econômicos e ambientais. Por isso, o movimento representa um papel importante para a sociedade com um todo. Os dados comprovam que o mundo avança para sua expansão, mas ainda há um longo processo até que o cenário tenha um reconhecimento maior e atinja a população mundial.

Cidades que estão impulsionando a transição energética na América Latina

Segundo o Relatório de Status Global de Renováveis nas Cidades da REN21, a América Latina é um dos continentes em constante evolução, com grande destaque nos projetos relacionados à transição energética. O documento traz uma lista de cidades que estão investindo fortemente em fontes de energia renováveis, tornando-se referência na categoria.

1. Cidade do México (México)

Cidade do México

Segundo o relatório, uma das iniciativas que faz com que a Cidade do México se destaque mundialmente é o programa Cidade Solar (Ciudad Solar) de energia renovável. O projeto inclui a instalação de sistemas de aquecimento solar de água em diversas empresas e residências, além de energia solar fotovoltaica em edifícios públicos e em pequenas e médias empresas.

Desenvolvido com foco em acelerar a transição energética para sistemas renováveis no país, o projeto ao mesmo tempo cria desenvolvimento econômico local e empregos em alta escala.

A iniciativa prevê capacitar 1.000 técnicos para a instalação de sistemas solares, reforma de prédios públicos, projetos sociais de transformação de resíduos em energia para produção de biogás e coleta de óleo de cozinha – usado em 15% ao ano para a produção de biodiesel. A estimativa é que o projeto gere mais de 10 mil empregos na cidade e um orçamento de cerca de US $610 milhões.

2. Santiago (Chile)

Santiago do Chile é outra cidade da América Latina que tem impulsionado a transição energética. Com cerca de 6,8 milhões de habitantes, a cidade está investindo na integração de ônibus elétricos em seu sistema de transporte público para toda a sociedade. 

Em 2020, mais de 450 ônibus elétricos já circulavam no sistema de transporte público da região metropolitana. A previsão é que até 2022, mais de 5 mil sejam substituídos por ônibus com tecnologia Euro 6 (sistema de transporte público de baixa emissão). A meta é que toda a frota seja elétrica até 2035, indo ao encontro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

A cidade também está progredindo para garantir o avanço de transportes movidos a fontes renováveis, com a energia solar. Em 2018, um parque solar fotovoltaico de 100 MW foi construído para fornecer eletricidade para o sistema de metrô da cidade. Compromisso impulsionado pela necessidade de melhorar a poluição atmosférica, as mudanças climáticas e atingir as emissões líquidas zero até 2050.

3. Bogotá (Colômbia)

Bogotá, na Colômbia

Investindo gradualmente em tecnologias de baixo carbono, Bogotá busca se tornar referência no processo de transição energética das cidades latino-americanas. A cidade está desenvolvendo o sistema Euro 6, para reduzir as emissões de CO2 do setor de transporte. 

Em fevereiro de 2021, Bogotá adquiriu outros 596 ônibus elétricos, com uma integração gradual a partir de novembro de 2021. Até 2022, cerca de 900 ônibus elétricos e 800 ônibus de baixa emissão serão adicionados à frota de transporte público. A meta é trocar 8 mil ônibus de sua frota de transporte público por ônibus zero líquidos.

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4. Palmas (Brasil)

Cidade de Palmas, Brasil

No Brasil, fatores como o aumento na conta de energia, os riscos ambientais e os impactos sociais causados por fontes não renováveis, fazem com que o setor de energia solar ganhe mais espaço. Palmas é uma das cidades em destaque no país, com a meta de gerar 100% de seu suprimento local de eletricidade com base em energia solar fotovoltaica até 2035.

Por isso, a cidade investiu em incentivos fiscais para que o uso da energia solar cresça ainda mais em empresas e residências locais. Melhorando a economia local e diminuindo a dependência de abastecimento elétrico externo. Os moradores da cidade são incentivados a instalar painéis solares em troca de um desconto de até 80% em dois impostos municipais por um período de cinco anos.

O projeto Palmas Solar, lançado pela prefeitura, recebe ajuda de três bancos privados (Banco da Amazônia, Banco do Nordeste e Banco do Brasil), para financiar os custos remanescentes. Como resultado, uma espécie de “mercado solar” foi desenvolvido na cidade composto por mais de 20 empresas locais vendendo e instalando painéis solares. Em 2020, R$ 415.785 descontos foram concedidos e 3,8 MW de capacidade instalada de geração descentralizada foram alcançadas.

5. Recife (Brasil)

Recife, Brasil

Outra cidade em destaque no Brasil é Recife. Em 2019, com o Plano de Ação Climática da Cidade, o município se comprometeu a se tornar neutro em carbono até 2050, investindo em tecnologias sustentáveis. A meta é atingir 100% de energia renovável em operações nos mais diversos setores da cidade até 2037.

Recife também desenvolveu o Programa de Eficiência Energética (PEE), composto por um fórum municipal para formular mudanças climáticas e sustentabilidade políticas, incentivando a participação da população e de empresas de energias renováveis locais. Nas reuniões públicas, são abordadas pautas sobre a eficiência energética, futuro das tecnologias renováveis, metas para a região e possíveis parcerias.

Rumo ao desenvolvimento sustentável

Esses são só alguns exemplos de como cada vez mais governos, instituições e a sociedade estão empenhados em propagar uma mudança para uma economia baseada em energias renováveis e aproveitar as oportunidades que elas oferecem. 

Contudo, essa ainda é uma parcela pequena, comparada ao necessário para que o mundo e, especialmente, o Brasil, sejam compostos por uma matriz energética predominantemente renovável. Por isso, é preciso investir em estratégias urbanas e climáticas, em políticas dos diferentes níveis de governo e no apoio financeiro às cidades. Trata-se de um plano de ação que envolve todos os lados.

E você já sabia o que significa transição energética? E como massificação do uso de energia renovável no Brasil colabora para isso? Conta pra gente nas redes sociais!

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